terça-feira, 5 de julho de 2011

Casamento. Há prazo de validade?

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Uma deputada da Alemanha propôs uma lei segundo a qual casamentos valeriam por, apenas, sete anos e teriam que ser renovados depois desse período. O argumento da deputada é de que “vários casais só continuam juntos porque têm medo da separação”. Ela defende a idéia de que os casais deveriam ficar juntos por amor e não por comodidade ou interesse. Será que ela tem razão? A separação seria mesmo o melhor remédio para quando o amor acaba?

Acho que sete anos para quem não ama mais é muito tempo. Você já imaginou ter de conviver sete anos com alguém de quem não gosta? Ainda mais em um mundo humanista como o nosso, em que o eu é divinizado e, no qual, as pessoas só fazem o que gostam, se gostam e quando gostam? E por que sete?


Por um aspecto ela tem razão. Alguns casais só ficam juntos por medo das conseqüências da separação. Outros têm medo da sogra (risos)... Outros, ainda, continuam a péssima relação por causa dos filhos, ou, como no caso dos Clinton, em razão de interesses que talvez sejam questionáveis. Não cabe, a mim, julgar.

A deputada está certa quando afirma que os casais deveriam ficar juntos por amor e não por comodidade, ou, interesse. Mas quando ela propõe um prazo de validade para uma relação estremecida, é bem razoável supor que esteja participando de um dos enganos mais comuns sobre este assunto: a suposição de que possa haver amor, sem compromisso.


Como se sabe, o sucesso de um casamento depende, em grande parte, de algo que acontece bem antes dele – o namoro. Bons casamentos surgem de namoros bem-sucedidos, e vice-versa. Talvez, a principal razão pela qual o casamento esteja experimentando uma falência tão acentuada sejam os namoros mal conduzidos. Existe por aí uma idéia de que um dos ingredientes principais do namoro devem ser os beijos, abraços e outras “cositas más”, e o resultado é que, de tanto abraçar e beijar e de manter relação sexual, o casal acaba conhecendo muito do corpo do outro, e pouco das idéias, valores, hábitos e caráter da outra pessoa. É que essas coisas a gente só descobre conversando. E quem é que vai querer conversar, quando até uma propaganda de televisão há pouco tempo sugeria: “Pega logo”, ou seja, vá direto ao que interessa: sexo! Beijos, abraços e sexo produzem um prazer tão deslumbrante que pouca gente vai querer ficar perdendo tempo com conversa, não é verdade?


Carícias e sexo não fazem parte do plano de Deus para o namoro, simplesmente porque vão prejudicar algo muito mais importante – o casamento. Nessa fase, o casal precisa desesperadamente de algo que, pelo menos, aparentemente, pode ser meio sem graça: conversar. Quando um casal de namorados tem envolvimento físico íntimo (mesmo quando não termina sempre em sexo), as emoções são tão fortes, ligam tanto um ao outro, que a Bíblia diz que se tornam “uma só carne”, pelo menos emocionalmente falando. É nesse ponto que as emoções assumem as rédeas da relação e a razão sai de cena. O arroubo das emoções causado pelo contato físico deixa a pessoa virtualmente despreparada para pensar e avaliar racionalmente a conveniência da relação e, então, ela perde a cabeça entrando num casamento que nunca deveria ter acontecido.


E se esse foi o seu caso, o que fazer? Deus considera o casamento uma instituição tão sagrada, que mesmo depois da queda espiritual do ser humano, permaneceu fazendo parte da vida das civilizações juntamente com o ciclo semanal. Portanto, o casamento, o ciclo semanal e o dia de descanso são heranças da Criação (ver Gênesis 1:26-28; 2:24 e 2:1-4).

Deus sempre desejou que a continuidade do casamento dos cristãos, que aquele “até que a morte os separe” fosse um modelo para o mundo, para os filhos deles e para as outras pessoas, do tipo de relação que Ele quer ter conosco, que também somos pessoas defeituosas e sujeitas a errar. Apesar de sermos o que somos, Ele diz: “Nunca te deixarei; jamais te abandonarei.” E diz mais: “Aquele que vem a Mim, jamais o lançarei fora.” O amor de Deus (assim como deveria ser o nosso) não se baseia apenas em sentimentos, mas em um princípio – e isso a deputada alemã certamente não sabe. Amor, como é ensinado pela Bíblia, não é um sentimento volúvel, que nos torna reféns dos desvarios de um coração inconstante e pecaminoso. Amor é uma decisão da vontade que é fortalecida, diariamente, pelo Espírito Santo.


É por isso que para amar a gente precisa de Deus. O amor não mora aqui em baixo com os seres humanos. Amor é algo que a gente recebe de Deus para repartir com quem dorme na mesma cama, mora na mesma casa, trabalha ou habita na mesma cidade. E esse tipo de amor já não depende tanto de como a outra pessoa é, o que ela faz ou deixa de fazer. É certo que existem casos em que a continuidade do casamento é quase impossível e seria mais prudente encerrar a relação, como acontece, por exemplo, quando o marido abusa sexualmente de uma filha. Mas mesmo quando se faz se faz necessário uma separação, pode haver amor.


Em todo o caso, o amor passa a ser uma escolha de alguém que é livre para decidir e que resolve não estar sujeito às escolhas ou ações do outro. É livre para amar como Jesus, que decidiu amar mesmo àqueles que não O amavam e chegou ao ponto de morrer por eles.

Neste mundo, num contexto de pecado não existe amor sem sofrimento, sem dor, sem negação do eu. E isso é cristianismo, e não humanismo. Quando Cristo vive em mim, vivo não mais eu. Mas Seu Espírito coloca dentro de mim o amor que não possuo. Por isso, quem quiser experimentar as alegrias do amor vai ter que, eventualmente, aprender com Deus a fazer como Ele, suportar as dores do amor e amar, talvez, a quem não mereça esse amor. Na Bíblia, para aqueles que aceitam a Deus como o Senhor de sua vida, o amor não é uma opção, mas um mandamento: “Um novo mandamento vos dou...” Para Deus, não amar é rebelião, deputada!


Mas ela quase tem razão. O casamento precisa mesmo ser renovado, periodicamente. Mas não a cada sete anos – isso seria tempo demais. Ele precisa ser renovado toda manhã, quando cada um comparece sozinho à presença de Deus, pede e recebe a dose de amor daquele dia para compartilhar com o cônjuge. Ele também é renovado quando a família toda comparece, diariamente, à presença de Deus, por meio do culto familiar e reconhece que depende dEle para continuar juntos. No coração de famílias assim, sempre vão existir amor, perdão, bondade, fidelidade e compromisso como presentes diários de Deus. E isso pode acontecer com você e sua família!


Marcos Bomfim

Terapeuta Familiar

Diretor do Ministério da Família - USB

Elizabeth



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