INFOGRÁFICO : As histórias dos brasileiros que estão marcados para morrer
Ele era casado e pai de três filhos e teria denunciado a extração ilegal de madeira na região. A CPT informou que ele foi morto com um tiro no ouvido. Obede, que pode ter sido executado com uma espingarda, teria sido surpreendido em sua casa e levado para um local a 500 metros de distância. Ali, teria sido obrigado a se deitar de lado e atingido no ouvido.
Os pistoleiros teriam mandado a vítima se deitar de lado, encostado a boca da espingarda em seu ouvido e a disparado. Ele estava sozinho em sua casa.
A CPT informou que, após a liberação para o sepultamento, a Força Nacional suspendeu o enterro e o levou para perícia em Belém (PA).
De acordo com a comissão, não há informações sobre as razões que levaram à morte de Obede. Mas testemunhas contaram que, entre janeiro e fevereiro, o agricultor discutiu com representantes de madeireiros na região. Segundo a CPT, outros dois trabalhadores rurais da região, que também discutiram com os mesmos representantes de madeireiras, correm risco de morrer.
Informações obtidas pela comissão apontam que, no dia do assassinato de Obede, uma caminhonete de cor preta com quatro pessoas entraram no Acampamento Esperança - onde morava o agricultor. O presidente do Projeto de Assentamento Barrageira e tesoureiro da Casa Familiar Rural de Tucuruí, Francisco Evaristo, disse que viu a caminhonete e considerou o fato estranho. Como Obede, ele também é ameaçado de morte.
A presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião de emergência, no último dia 3, para discutir o assunto em Brasília. Ela ouviu os governadores do Pará, Simão Jatene, do Amazonas, Aziz Elias, e de Rondônia, Confúcio Moura.
Ao final da reunião, a presidente determinou o envio de homens da Força Nacional de Segurança ao Pará. Os homens chegaram ao estado no último dia 7 e devem permanecer no local por tempo indeterminado, segundo as autoridades brasileiras
A lista de pessoas ameaçadas, segundo a CPT, contabiliza mil nomes. O documento já foi entregue às autoridades brasileiras e também estrangeiras. De acordo com dados da Pastoral da Terra, desde 1996, foram 212 assassinatos em conflitos por terras no Pará.
No final de maio, uma série de assassinatos puseram em evidência a violência no campo na Amazônia. Em 24 de maio, o casal de ambientalistas e líderes do projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, foram mortos em uma emboscada no município paraense de Nova Ipixuna. Posteriormente, outro assentado, o agricultor Herenilton Pereira dos Santos, que seria uma das testemunhas do assassinado do casal, também foi morto. Já em Rondônia, em 27 de maio, o líder camponês Adelino Ramos, o Dinho, foi morto a tiros em Vista Alegre do Abunã, região de Porto Velho.
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