quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Influências Cristãs x Influências Mundanas


Atenção ao Caminho a Percorrer

O Príncipe do Céu estava a seu lado, contudo rogava ele pela sua vida como se Deus, que manifestara tal cuidado e amor para com ele, não mais o guardasse. Deveria ter-se confiado inteiramente ao Mensageiro divino, entregando sua vontade e sua vida nas mãos do Senhor, sem duvidar ou discutir.

Mas, semelhante a tantos outros, esforçou-se por fazer planos por si: "Eis agora aquela cidade está perto, para fugir para lá, e é pequena; ora para ali me escaparei (não é pequena?), para que minha alma viva." Gên. 19:20. A cidade aqui mencionada era Bela, mais tarde chamada Zoar. Ficava apenas a poucos quilômetros de Sodoma e, como esta, era corrupta, e estava condenada à destruição. Mas Ló pediu que ela fosse poupada, insistindo que isto não era senão pequeno pedido; e seu desejo foi atendido. O Senhor assegurou-lhe: "Tenho-te aceitado também neste negócio, para não derribar esta cidade, de que falaste". Gên. 19:21. Oh, quão grande é a misericórdia de Deus para com Suas erradias criaturas!

De novo foi dada a ordem solene de apressar-se, pois a terrível tormenta demorar-se-ia apenas um pouco mais. Mas um dos fugitivos aventurou-se a lançar um olhar para trás, para a cidade condenada, e se tornou um monumento do juízo de Deus. Se o próprio Ló não houvesse manifestado hesitação em obedecer à advertência do anjo, antes tivesse ansiosamente fugido para as montanhas, sem uma palavra de insistência ou súplica, sua esposa teria também podido escapar. A influência de seu exemplo tê-la-ia salvo do pecado que selou a sua sorte. Mas a hesitação e demora dele fizeram com que ela considerasse levianamente a advertência divina. Ao mesmo tempo em que seu corpo estava sobre a planície, o coração apegava-se a Sodoma, e ela pereceu com a mesma. Rebelara-se contra Deus porque Seus juízos envolviam na ruína as posses e os filhos.

Posto que tão grandemente favorecida ao ser chamada da ímpia cidade, entendeu que era tratada severamente, porque a riqueza que tinha levado anos para acumular devia ser deixada para a destruição. Em vez de aceitar com gratidão o livramento, presunçosamente olhou para trás, desejando a vida daqueles que haviam rejeitado a advertência divina. Seu pecado mostrou ser ela indigna da vida, por cuja preservação tão pouca gratidão sentira.

Devemos estar apercebidos contra o tratar levianamente as providências graciosas de Deus para a nossa salvação. Há cristãos que dizem: "Não me incomodo com salvar-me, a menos que minha esposa e filhos se salvem comigo." Acham que o Céu não seria Céu para eles, sem a presença dos que lhes são tão caros.

Mas têm os que alimentam tais sentimentos uma concepção exata de sua relação para com Deus, em vista de Sua grande bondade e misericórdia para com eles? Esqueceram-se de que estão ligados, pelos mais fortes laços de amor, honra e lealdade, ao serviço de seu Criador e Redentor? Os convites de misericórdia são dirigidos a todos; e porque nossos amigos rejeitam o insistente amor do Salvador, desviar-nos-emos também? A redenção da alma é preciosa. Cristo pagou um preço infinito pela nossa salvação, e ninguém que aprecie o valor deste grande sacrifício, ou o preço de uma alma, desprezará a misericórdia de Deus, que se lhe oferece, porque outros preferem fazê-lo. O próprio fato de que outros ignoram Suas justas reivindicações, deve despertar-nos a maior diligência, para que nós mesmos possamos honrar a Deus e levar a todos, a quem podemos influenciar, a aceitar o Seu amor.

"Saía o Sol sobre a terra, quando Ló entrou em Zoar." Gên. 19:23. Os brilhantes raios da manhã pareciam falar apenas de prosperidade e paz, às cidades da planície. Começou a agitação da vida ativa nas ruas; homens seguiam seus vários caminhos, preocupados com os negócios ou os prazeres do dia. Os genros de Ló estavam divertindo-se à custa dos temores e advertências do velho, já de espírito enfraquecido. Súbita e inesperadamente, como se fora o estrondo de um trovão provindo de um céu sem nuvens, desencadeou a tempestade. O Senhor fez chover do Céu enxofre e fogo sobre as cidades e a fértil planície; seus palácios e templos, custosas habitações, jardins e vinhedos, e as multidões divertidas, à caça de prazeres, as quais ainda na noite anterior insultaram os mensageiros do Céu - tudo foi consumido. O fumo da conflagração subia como o fumo de uma grande fornalha. E o belo vale de Sidim tornou-se uma desolação, um lugar que nunca mais seria construído ou habitado - testemunha a todas as gerações da certeza dos juízos de Deus sobre os transgressores.

As chamas que consumiram as cidades da planície derramaram sua luz de advertência, até mesmo aos nossos tempos. É-nos ensinada a lição terrível e solene de que, ao mesmo tempo em que a misericórdia de Deus suporta longamente o transgressor, há um limite além do qual os homens não podem ir no pecado.

Quando é atingido aquele limite, os oferecimentos de misericórdia são retirados, e inicia-se o ministério do juízo.
O Redentor do mundo declara que há maiores pecados do que aqueles pelos quais Sodoma e Gomorra foram destruídas. Aqueles que ouvem o convite do evangelho chamando os pecadores ao arrependimento, e não o atendem, são mais culpados perante Deus do que o foram os moradores do vale de Sidim.

E ainda maior pecado é o daqueles que professam conhecer a Deus e guardar os Seus mandamentos, e contudo negam a Cristo em seu caráter e vida diária.

À luz da advertência do Salvador, a sorte de Sodoma é um aviso solene, não simplesmente para os que são culpados de pecado declarado, mas a todos que têm em pouca conta a luz e privilégios enviados pelo Céu.

Disse a Testemunha Verdadeira à igreja de Éfeso: "Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade. Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres". Apoc. 2:4 e 5.

O Salvador aguarda a resposta a Seus oferecimentos de amor e perdão, com uma compaixão mais terna do que aquela que move o coração de um pai terrestre para perdoar um filho transviado e sofredor. Ele clama aos errantes: "Tornai-vos para Mim, e Eu tornarei para vós." Mal. 3:7.

Mas se aquele que vagueia, recusa persistentemente atender à voz que o chama com amor compassivo e terno, será finalmente deixado em trevas. O coração que durante muito tempo desdenhou a misericórdia de Deus, torna-se endurecido no pecado, e não mais é susceptível à influência da graça de Deus. Terrível será a sorte da alma da qual o Salvador, pleiteando por sua defesa, declarará finalmente: "Está entregue aos ídolos; deixa-o". Osé. 4:17.

Haverá menos rigor no dia do Juízo para as cidades da planície do que para aqueles que conheceram o amor de Cristo, e contudo se desviaram à escolha dos prazeres de um mundo de pecado.

Vós que estais a desdenhar os oferecimentos da misericórdia, pensai nos inúmeros registros que contra vós se acumulam nos livros do Céu: pois há um relatório feito das impiedades das nações, das famílias, dos indivíduos. Deus pode suportar muito enquanto a conta prossegue; e convites ao arrependimento e oferecimentos de perdão podem ser feitos; contudo, tempo virá em que a conta se completará, em que se fez a decisão da alma, em que se fixou o destino do homem pela sua própria escolha. Dar-se-á então o sinal para ser executado o juízo.

Há motivo para alarmar-nos na condição do mundo religioso hoje. Tem-se tido em pouca conta a misericórdia de Deus. A multidão anula a lei de Jeová, "ensinando doutrinas que são preceitos de homens". Mat. 15:9. A incredulidade prevalece em muitas das igrejas de nosso país; não a incredulidade em seu sentido mais amplo, como franca negação da Bíblia, mas uma incredulidade vestida no traje do cristianismo, ao mesmo tempo em que se acha a solapar a fé na Bíblia como revelação de Deus. A devoção fervorosa e a piedade vital deram lugar ao formalismo oco. Como conseqüência prevalecem a apostasia e o sensualismo.

Cristo declarou: "Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: ... assim será no dia em que o Filho do homem Se há de manifestar". Luc. 17:28-30. O registro diário dos acontecimentos que se passam, testifica do cumprimento de Suas palavras. O mundo rapidamente está a amadurecer para a destruição. Logo deverão derramar-se os juízos de Deus, e pecado e pecadores ser consumidos.

Disse o Salvador: "Olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia. Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a Terra" - todos cujos interesses estão centralizados neste mundo. "Vigiai pois em todo o tempo, orando para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem." Luc. 21:34-36.

Antes da destruição de Sodoma, Deus enviou uma mensagem a Ló: "Escapa-te por tua vida; não olhes para trás de ti, e não pares em toda esta campina; escapa lá para o monte, para que não pereças". Gên. 19:17. A mesma voz de advertência foi ouvida pelos discípulos de Cristo, antes da destruição de Jerusalém: "Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes". Luc. 21:20 e 21. Não deviam demorar-se para conseguir coisa alguma de suas posses, mas antes aproveitar-se da oportunidade para fugir. Houve uma saída, uma decidida separação dos ímpios, uma escapada para salvar a vida.

Assim foi nos dias de Noé; assim nos dias de Ló; assim aconteceu com os discípulos antes da destruição de Jerusalém; e assim será nos últimos dias. De novo se ouve a voz de Deus em uma mensagem de advertência, mandando Seu povo separar-se da iniqüidade que prevalece pecado.


O estado de corrupção e apostasia que nos últimos dias existiria no mundo religioso, foi apresentado ao profeta João, na visão de Babilônia, "a grande cidade que reina sobre os reis da Terra". Apoc. 17:18. Antes de sua destruição será feito do Céu o convite: "Sai dela, povo Meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas". Apoc. 18:4. Como nos dias de Noé e Ló, tem de haver uma separação distinta do pecado e pecadores. Não pode haver transigência entre Deus e o mundo, nem um retrocesso para se conseguirem tesouros terrestres. "Não podeis servir a Deus e a Mamom." Mat. 6:24.

Como os habitantes do vale de Sidim, o povo está sonhando com prosperidade e paz. "Escapa-te por tua vida" - é a advertência dos anjos de Deus; mas outras vozes são ouvidas a dizer: "Não te deixes excitar; não há motivos para sustos". As multidões clamam: "Paz e segurança" (I Tim. 5:3), quando o Céu declara que repentina destruição está para sobrevir ao transgressor. Na noite prévia à sua destruição entregaram-se as cidades da planície aos prazeres turbulentos, e caçoaram dos temores e avisos do mensageiro de Deus; mas esses escarnecedores pereceram nas chamas; naquela mesma noite a porta da misericórdia fechou-se para sempre aos ímpios e descuidados habitantes de Sodoma. Deus não será sempre zombado; não será por muito tempo menosprezado. "Eis que o dia do Senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a Terra em assolação, e destruir os pecadores dela." Isa. 13:9. A maioria no mundo rejeitará a misericórdia de Deus, e submergir-se-á na repentina e irreparável ruína. Mas aquele que atender à advertência, habitará "no esconderijo do Altíssimo", e "à sombra do Onipotente descansará". "Sua verdade" será seu "escudo e broquel". Para ele é a promessa: "Dar-lhe-ei abundância de dias, e lhe mostrarei a Minha salvação". Sal. 91:1, 4 e 16.

Apenas pouco tempo habitou Ló em Zoar. A iniqüidade prevalecia ali como em Sodoma, e ele temeu ficar pelo receio de ser destruída a cidade. Não muito tempo depois Zoar foi consumida, conforme fora o intuito de Deus. Ló encaminhou-se para as montanhas e habitou em uma caverna, despojado de tudo aquilo por cujo amor ousara sujeitar sua família às influências de uma cidade ímpia. Mas a maldição de Sodoma seguiu-o mesmo ali. A conduta pecaminosa de suas filhas foi o resultado das más associações naquele vil lugar.

A corrupção moral do mesmo se entretecera de tal maneira com o caráter delas que não podiam discernir entre o bem e o mal. A única posteridade de Ló, os moabitas e amonitas, foram tribos vis, idólatras, rebeldes a Deus, e inimigos de Seu povo.

Em grande contraste com a vida de Abraão estava a de Ló! Já tinham sido companheiros, adorando no mesmo altar, morando ao lado um do outro em suas tendas de peregrinos; mas quão diversamente diferençados agora! Ló escolhera Sodoma para seu prazer e proveito. Deixando o altar de Abraão e seu sacrifício diário ao Deus vivo, permitira a seus filhos misturar-se com um povo corrupto e idólatra; retivera contudo em seu coração o temor de Deus, pois declaram as Escrituras ter sido ele um homem "justo"; sua alma justa enfadava-se com a conversação vil que diariamente vinha a seus ouvidos, e ele era impotente para impedir a violência e o crime. Foi finalmente salvo como "um tição tirado do fogo" (Zac. 3:2), despojado contudo de suas posses, privado da esposa e filhos, habitando em cavernas, como os animais selvagens, coberto de infâmia em sua velhice; e deu ao mundo, não uma raça de homens justos, mas duas nações idólatras, em inimizade com Deus e a guerrear contra o Seu povo, até que, enchendo-se sua taça de iniqüidade, foram destinadas à destruição. Quão terríveis foram os resultados que se seguiram a um passo desacertado!

Diz o sábio: "Não te canses para enriqueceres; dá de mão à tua própria sabedoria." Prov. 23:4. "O que se dá à cobiça perturba a sua casa, mas o que aborrece as dádivas viverá." Prov. 15:27. E o apóstolo Paulo declara: "Os que querem ser ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína." I Tim. 6:9.

Quando Ló entrou em Sodoma, inteiramente se propunha ele conservar-se livre da iniqüidade, e ordenar a sua casa depois dele. Mas, de maneira bem patente, fracassou. As influências corruptoras em redor dele tiveram efeito sobre sua fé, e a relação de seus filhos para com os habitantes de Sodoma ligaram até certo ponto seus interesses com os deles. O resultado está diante de nós.

Muitos ainda estão cometendo erro semelhante. Escolhendo um lar, olham mais para as vantagens temporais que podem adquirir do que para as influências morais e sociais que cercarão a eles e suas famílias. Escolhem um território belo e fértil, ou mudam-se para alguma cidade florescente, na esperança de conseguir maior prosperidade; mas seus filhos se acham rodeados de tentações, e muitas vezes formam camaradagens que são desfavoráveis ao desenvolvimento da piedade e à formação de um caráter reto. A atmosfera de moralidade frouxa, de incredulidade, de indiferença às coisas religiosas, tem uma tendência para contrariar a influência dos pais. Exemplos de rebelião contra a autoridade paternal, e divina, estão sempre diante dos jovens; muitos fazem amizades com ateus e incrédulos, e lançam sua sorte com os inimigos de Deus.

Ao escolhermos uma residência, Deus quer que consideremos antes de tudo as influências morais e religiosas que nos rodearão, a nós e a nossas famílias. Podemos achar-nos em situações difíceis, pois que muitos não podem ter o seu ambiente conforme quereriam; e, onde quer que o dever nos chame, Deus nos habilitará a permanecer incontaminados, se orarmos e vigiarmos, confiando na graça de Cristo. Mas não devemos expor-nos desnecessariamente a influências desfavoráveis à formação de caráter cristão. Quando voluntariamente nos colocamos em uma atmosfera de mundanismo e incredulidade, desagradamos a Deus, e de nossos lares repelimos os santos anjos.

Aqueles que procuram para seus filhos riquezas e honras mundanas, às expensas de seus interesses eternos, acharão no fim que estas vantagens são uma perda terrível. Semelhantes a Ló, muitos vêem seus filhos na perdição, e apenas conseguem salvar sua própria alma. Perde-se o trabalho de sua vida; esta é um triste malogro. Se tivessem exercido verdadeira sabedoria, seus filhos poderiam ter tido menos prosperidade mundana, mas ter-se-iam assegurado um título à herança imortal.

A herança que Deus prometeu a Seu povo não está neste mundo. Abraão não teve possessão na Terra, "nem ainda o espaço de um pé". Atos 7:5. Ele possuía muitos recursos, e deles fazia uso para a glória de Deus e para o bem de seus semelhantes; mas não olhava para este mundo como sua pátria.
O Senhor o chamara para deixar seus patrícios idólatras, com a promessa da terra de Canaã em possessão eterna; todavia nem ele, nem seu filho, nem o filho de seu filho, a recebeu. Quando Abraão quis um lugar para sepultar seus mortos teve de comprá-lo aos cananeus. Sua única possessão na terra da promessa foi aquele túmulo cavado na pedra, na caverna de Macpela.
A palavra de Deus, porém, não havia falhado; tampouco teve ela o seu cumprimento final na ocupação de Canaã pelo povo judeu.

Trecho livro: Patriarcas e Profetas

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